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As portas da vida

Foto do escritor: Stella CostaStella Costa

Imagine uma pessoa diante de duas portas. Uma tem o nome dela, um caminho ainda incompleto, com peças que se encaixarão com o tempo, mas feito baseado especificamente em quem ela é. A outra é uma porta padrão, com um caminho prontinho do início ao fim, com peças tão impessoais que beira ao vazio. Seria burrice, diante dessas duas portas, escolher para a vida, aquela que não representa ninguém, certo? Agora imagine essa mesma pessoa diante dessas mesmas portas, mas agora essa pessoa está vendada. Há apenas uma voz que a diz para escolher entre a direita ou a esquerda, e rápido. Ninguém a diz em qual porta está o seu nome, mas, da mesma forma, ninguém a diz que ela precisa continuar com a venda.


Somos essa pessoa diversas vezes nas nossas vidas. Mesmo enxergando o caminho que queremos seguir, mesmo quando escrevemos nosso próprio nome na porta, escolhemos o padrão que já está totalmente pronto; não vamos precisar encaixar ou criar as peças faltantes, não vamos precisar pensar ou entender a nós mesmo; não vamos precisar nos conhecer por completo. E, por vezes, não conseguimos enxergar nada; todo excesso de informação ao redor nos venda da realidade e só escutamos uma voz ansiosa nos dizendo que o tempo está passando e precisamos correr. Mas a cada momento que se passa, escolhemos continuar com a venda, escolhemos ouvir a voz ansiosa que aumenta de volume a cada atenção que damos.


Passei bastante tempo para sentar aqui e escrever. Poderia dar diversas desculpas de como eu não tive nenhum tempo ou que estava muito cansada. Mas a verdade é que coloquei na frente da escrita tudo de menos importante que eu poderia colocar. Me autossabotei de todas as maneiras que pude imaginar. Mesmo aqui, agora, ameaço parar por insegurança, meus dedos ainda falham em continuar. Quando eu me sentia inspirada, me distraia com coisas supérfluas. Quando ficava mal e precisava jogar a dor para fora, a dissipava em palavras raivosas ou focava toda a minha atenção para as redes sociais e o esquecimento. A escrita, que antes definia a mim mesma, que era minha ação terapêutica, hoje é quase uma caixa antiga guardada debaixo da cama. Há paz dentro dela, mas o esquecimento a empoeirou demais para pegar. As palavras, que são minhas velhas amigas, se tornaram mais difíceis de serem encontradas, resgatadas, escritas; se tornaram embaçadas bem diante dos meus olhos. Preciso trocar os óculos ou a porta.


Viver em uma estrada padrão não é inédito. Já a conhecemos das fotos do jornal ou da vida de outras pessoas. Existem várias da mesma maneira. E talvez seja mais fácil caminhar por estradas conhecidas, todavia, certamente não é mais instigante. Na verdade, é entediante e não representa a via que desejávamos pegar. Nosso caminho, o que queremos, nem sempre é tão fácil de identificar quanto duas portas na nossa frente ou estradas em um mapa, mas se pararmos para tomar um café e conhecer a nós mesmos, com certeza entenderemos algumas características dele. Há sempre alguma coisa ou várias delas que nos fazem sentir vivos, que nos apaixonam como em um filme. E, para que se faça entender, escrevo esta frase da maneira mais clichê que posso escrever: Desejo que sejamos todos papéis principais das nossas próprias tramas!

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