<![CDATA[The Bold Me]]>https://www.theboldme.comRSS for NodeThu, 09 May 2024 06:35:26 GMT<![CDATA[A pressão criativa]]>https://www.theboldme.com/post/a-press%C3%A3o-criativa662d59451a1ea6db6c25f23fSat, 27 Apr 2024 20:03:09 GMTStella Costa            Às vezes me pergunto quando foi que eu perdi a essência da minha criatividade. Era tão fácil colocar meus sentimentos no papel e produzir poemas, músicas, histórias... Era fácil desenhar ou pintar. Mas hoje parece que tudo se apagou. Nesse constante mundo de informações me sinto atrasada, como se precisasse logo produzir algo incrível e diferente. Aquela atividade terapêutica de fazer arte se transformou em um trabalho, como se eu devesse ser perfeita e pintar algo digno de ser comprado ou escrever o próximo bestseller. Não mentirei dizendo que isso não seria legal, mas colocar toda essa pressão só me faz afogar minha criatividade em promessas irreais.


            Quando foi a última vez que você se permitiu se deixar levar por seu hobbie, apenas para relaxar e se divertir, sem ser o melhor ou saber todas as técnicas, sem ser profissional?


            Quando tentamos precificar atividades que deveriam ser prazerosas para a gente, é comum acabarmos colocando o valor do seu hobbie nos possíveis compradores dele. Então nos perguntamos o que seria digno de ser vendido. Mas o valor dessas atividades só pode ser procurado em nossa relação com elas, ao nos dar prazer. Essa simples palavra “prazer” já é motivo suficiente para nos deliciarmos as praticando.


            Eu não estou dizendo que você não pode transformar algo que ama fazer em sustento, mas deve sempre se lembrar que faz porque ama e não porque deve.


            Vamos tomar sobre exemplo a minha escrita. Já tentei escrever milhões de livros. Sempre tenho várias ideias, escrevo roteiro, identifico personagens, escrevo 10 páginas do rascunho e paro. É como se a criatividade e motivação só existissem no esboço do projeto. Assim que eu começo a trazê-la para a realidade, me perco no vazio de ideias ou ainda pior, no turbilhão da mente. Eu deveria escrever porque me diverte ou porque me salva sempre da sobrevida, mas ao traçar tantas expectativas para as minhas palavras e colocar a responsabilidade no outro para que digam se elas valem a pena, eu as tiro de seu significado para quem mais importa nesse processo: eu. Às vezes o medo é tão grande da opinião alheia que eu guardo minhas palavras do mundo e, comumente, até de mim mesma.



            Se a criatividade é a atividade de criar, como minhas criações podem sobreviver a constantes destruições pelo meu eu ansioso? Como podem existir, se por vezes as abandono antes de se tornarem mais que páginas em branco?


            A criatividade pode ser exercitada por todos, até os que se consideram menos criativos, mas para isso é preciso a deixar correr livre, sem julgar as ideias mais mirabolantes ou as frases mais confusas, apenas deixando-a existir tranquila e liberta, como se pudesse ser a chave para tudo no mundo, mas não precisasse ser!

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<![CDATA[As portas da vida]]>https://www.theboldme.com/post/as-portas-da-vida64cfe7bc574baebdbe7873d2Sun, 06 Aug 2023 18:40:49 GMTStella Costa Imagine uma pessoa diante de duas portas. Uma tem o nome dela, um caminho ainda incompleto, com peças que se encaixarão com o tempo, mas feito baseado especificamente em quem ela é. A outra é uma porta padrão, com um caminho prontinho do início ao fim, com peças tão impessoais que beira ao vazio. Seria burrice, diante dessas duas portas, escolher para a vida, aquela que não representa ninguém, certo? Agora imagine essa mesma pessoa diante dessas mesmas portas, mas agora essa pessoa está vendada. Há apenas uma voz que a diz para escolher entre a direita ou a esquerda, e rápido. Ninguém a diz em qual porta está o seu nome, mas, da mesma forma, ninguém a diz que ela precisa continuar com a venda.


Somos essa pessoa diversas vezes nas nossas vidas. Mesmo enxergando o caminho que queremos seguir, mesmo quando escrevemos nosso próprio nome na porta, escolhemos o padrão que já está totalmente pronto; não vamos precisar encaixar ou criar as peças faltantes, não vamos precisar pensar ou entender a nós mesmo; não vamos precisar nos conhecer por completo. E, por vezes, não conseguimos enxergar nada; todo excesso de informação ao redor nos venda da realidade e só escutamos uma voz ansiosa nos dizendo que o tempo está passando e precisamos correr. Mas a cada momento que se passa, escolhemos continuar com a venda, escolhemos ouvir a voz ansiosa que aumenta de volume a cada atenção que damos.


Passei bastante tempo para sentar aqui e escrever. Poderia dar diversas desculpas de como eu não tive nenhum tempo ou que estava muito cansada. Mas a verdade é que coloquei na frente da escrita tudo de menos importante que eu poderia colocar. Me autossabotei de todas as maneiras que pude imaginar. Mesmo aqui, agora, ameaço parar por insegurança, meus dedos ainda falham em continuar. Quando eu me sentia inspirada, me distraia com coisas supérfluas. Quando ficava mal e precisava jogar a dor para fora, a dissipava em palavras raivosas ou focava toda a minha atenção para as redes sociais e o esquecimento. A escrita, que antes definia a mim mesma, que era minha ação terapêutica, hoje é quase uma caixa antiga guardada debaixo da cama. Há paz dentro dela, mas o esquecimento a empoeirou demais para pegar. As palavras, que são minhas velhas amigas, se tornaram mais difíceis de serem encontradas, resgatadas, escritas; se tornaram embaçadas bem diante dos meus olhos. Preciso trocar os óculos ou a porta.


Viver em uma estrada padrão não é inédito. Já a conhecemos das fotos do jornal ou da vida de outras pessoas. Existem várias da mesma maneira. E talvez seja mais fácil caminhar por estradas conhecidas, todavia, certamente não é mais instigante. Na verdade, é entediante e não representa a via que desejávamos pegar. Nosso caminho, o que queremos, nem sempre é tão fácil de identificar quanto duas portas na nossa frente ou estradas em um mapa, mas se pararmos para tomar um café e conhecer a nós mesmos, com certeza entenderemos algumas características dele. Há sempre alguma coisa ou várias delas que nos fazem sentir vivos, que nos apaixonam como em um filme. E, para que se faça entender, escrevo esta frase da maneira mais clichê que posso escrever: Desejo que sejamos todos papéis principais das nossas próprias tramas!

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<![CDATA[Comparação: Uma arma autodestrutiva]]>https://www.theboldme.com/post/compara%C3%A7%C3%A3o-uma-arma-autodestrutiva63f8fd5c6f631094cdf77be4Fri, 24 Feb 2023 18:29:36 GMTStella Costa Desde que me lembro, a comparação sempre existiu. Na verdade, é pautada nela que existem as hierarquias. Hierarquias sociais, religiosas, raciais... e inúmeras outras. Em uma sociedade que delimita bem o que é aceitável ou não, fica quase impossível não se comparar a algo ou alguém. Somos acostumados a querermos aquilo que outra pessoa tem ou o que outra pessoa é, sempre diminuindo o que temos ou o que somos. É aí que a comparação se comporta como uma arma. Nós nos autodestruímos ao nos comparar. Nos olhamos como inferior e fazemos um desserviço as nossas próprias vidas.


Eu me comparava tanto que a minha vida nunca parecia boa o suficiente, apenas quando eu “ganhava” nas comparações. Era até comum eu dizer que me sentia tendo uma “quase vida”. Como se pode viver bem se comparando com a vivência de outras pessoas? Por que a sua vida tem que ser taxada como melhor ou pior, em vez de ser apenas vida? É bem comum hoje, com tantas redes sociais que parecem perfeitas, com tanta convivência com pessoas que têm diversas experiências, nos afogarmos em vidas alheias com o pensamento delas serem ideais. Não estou dizendo que você não deve se espelhar, se motivar por outras vidas a seguir caminhos que você sente vontade, mas isto tem que estar realmente bem decidido na sua cabeça. Sempre se pergunte: eu quero esse caminho porque é um sonho para mim ou porque parece perfeito para a outra pessoa?


Eu não sei dizer se a insegurança vem da comparação ou se nos comparamos por sermos inseguros. Essas duas palavras estão tão ligadas que fica difícil separá-las. Já faz um tempo que eu noto que sou uma pessoa insegura. E já faz um tempo que tento reverter essa situação. Bem mais do que ser insegura com o meu corpo, eu sou insegura com quem eu sou! Sou insegura com o fato de não ser tão comunicativa ou espontânea. Sou insegura com o fato de me preocupar com as coisas bem mais do que os outros. Tenho medo de ser considerada chata ou ser esquecível! Tenho medo de estar tão presa no que a sociedade acha legal que eu me afaste do que EU considero legal!


Já perdi as contas de quantas vezes fui injusta com o que eu queria e fiz o que outras pessoas queriam só para pertencer ao grupo. Está tudo bem sermos equilibrados e fazermos algo por amigos ou família, mesmo que a gente não queira tanto. Mas transformar isso em uma situação para rebaixar o que você gosta é péssimo.


Veja, eu sou uma pessoa plural. E isso significa que eu gosto de tantas coisas e sou tantas que você nem pode imaginar, algumas das quais são opostas entre si. Eu sou engraçada para as pessoas que mais conheço, mas geralmente sou calada para aqueles que não me sinto 100% à vontade. Eu consigo ser supercomunicativa estando perto de pessoas que não são tanto, porque me identifico com elas e não me comparo a um nível inalcançável de comunicação para mim. Eu sou uma pessoa que prefere piscina ou cachoeira a praia, mas costuma sempre ir para praia porque é mais fácil. Eu amo ir para boate, mas ao mesmo tempo prefiro rolês em que eu possa brincar e conversar com os amigos tranquilamente.

Agora imagine tudo o que é e o que gosta. Quantas pessoas vendo o que você faz ou o que diz acertariam quem você é? Um tempo atrás eu diria que quase nenhuma. Minhas atitudes eram tão pautadas pela comparação com outras pessoas que a minha essência havia se escondido. Atualmente, algumas acertariam, mas ainda estou caminhando para que outras notem ainda mais. Porque sendo bem sincera, a comparação nos apaga. Ela nos transforma em alguém bem mais esquecível do que você pensa ser. Suas características são seu destaque. Exclua-as e se autodestruirá!




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<![CDATA[O amor na perda]]>https://www.theboldme.com/post/o-amor-na-perda63e3d331d382da66c45aa9d5Wed, 08 Feb 2023 19:11:27 GMTStella Costa Milhões e milhões de pessoas já descreveram o que é o amor! Já inventaram e reinventaram analogias que envolvem animais, coisas e tudo o que você puder imaginar.

Já disseram que amar é lar, paz, rodas gigantes e cheirinho de bolo no forno. E, por mais incrível que pareça, todos têm verdade em suas palavras. Cada amor tem modo, cheiro e gosto.


E, para não deixar dúvidas, quando falo de amor, falo (ou melhor, escrevo) do amor além do romântico. Dele em sua forma mais pura. Mas com o amor, também há a perda, perda esta que não anula em nada o primeiro sentimento.


Perdi minha avó materna aos 13 anos. O amor que eu sinto por ela tem cheiro de Leite de Rosas, usa uma blusa fininha florida e come arroz com ketchup ou ovo mexido bem cortadinho, que sempre adorei. O amor que eu sinto por ela ainda abre a porta com um sorriso quando eu chego em casa e me defende de todos mesmo que eu só esteja sendo mimada. O amor que sinto por ela tem veias nas mãos que adoro apertar e um cabelinho branco curtinho.


Aos 18 anos eu perdi meu pai. O amor que sinto por ele joga futebol como ninguém, me leva várias vezes para a livraria e diz que tudo é uma "farra". O amor que sinto por ele tem uma barba que pinica sempre que beijo seu rosto, tem lembranças tristes que hoje foram superadas e me dá brinquedos que eu queira, independente do gênero que colocaram naquele objeto.


O amor que sinto pelos que perdi às vezes é tão vívido que fica difícil aguentar!


O amor que sinto por eles quer que saibam das minhas conquistas, que sorriam quando eu estiver feliz ou me abracem quando eu estiver triste. Gosto de pensar que, apesar de tudo, o amor que eles sentem por mim seria capaz de me aceitar e me acolher, mesmo que soubessem de toda a minha vida. Uma parte minha se sente aliviada por não descobrir o que poderia ser suas piores versões.


Mas tudo bem. Nada muda o fato que o amor que eu sinto por eles, em sua forma mais genuína, tem gosto de saudade!


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<![CDATA[O constante “ser”]]>https://www.theboldme.com/post/o-constante-ser63727b54441c413f80d791b9Mon, 14 Nov 2022 17:37:20 GMTStella Costa Pare por um momento e pense no seguinte cenário: se você tivesse que escrever um livro sobre si mesmo, o que diria? Quais são as suas características, seus sonhos e suas vivências? O que te torna interessante ou autêntico? Quem é você?



Recentemente estava pensando nesses questionamentos. Na página inicial desse blog, você deve ter notado, que há a seguinte frase: “Tendo a coragem para ser”. No início, achei que, para eu viver como realmente sou, criar esse blog e postar alguns dos meus pensamentos seria suficiente. Conseguir compartilhar com outra pessoa minhas escritas deveria ser a coisa mais corajosa que eu faria, mas não é bem assim. Embora este tenha sido um passo importante em minha jornada, ter a coragem para ser vai além dos passos iniciais, vai além daquela motivação acalorada que temos ao ler um livro de autoajuda, por exemplo. Ter a coragem para ser é descobrir o que este “ser” significa, ou seja, descobrir quem somos e, assim, sermos tudo o que queremos todos os dias de nossas vidas, não apenas em dias extraordinários, mas em dias qualquer.


Quando comecei o blog, estava convencida de que escreveria todas as segundas. Assim, haveria postagens toda semana, mas se notar as datas de minhas publicações observará que isso não ocorreu. As escritas não foram semanais, ou mesmo mensais. Elas foram se perdendo à medida que eu mesma me perdia de mim. Se escrevo agora não é porque me reencontrei, mas porque entendi que o autoconhecimento é contínuo, necessita de dedicação e constância.


Não precisamos nos punir por ainda não termos descoberto nosso propósito, ou por não fazermos exercícios físicos todos os dias como planejamos todo início de mês. Não precisamos nos punir por estarmos à procura de nós mesmos. Precisamos entender que todo processo leva tempo. Precisamos nos abraçar e nos olhar interiormente. Precisamos nos lembrar todos os dias que a pessoa que somos é digna de existir e viver. E isso significa que devemos ter atitudes diárias que condizem com o que gostamos, acreditamos e queremos. Significa que devemos nos acolher e, também a nossas mudanças futuras.

Eu sou a pessoa que ama montanhas e esportes de aventura (embora tenha feito poucos), que se autoconhece quando escreve, que erra e que toda vez inicia um exercício físico novo, mas ainda é sedentária porque não tem constância. Eu sou a pessoa que gosta de desenhar mesmo que não saia perfeito, que ama viajar e que sempre promete a si mesma que vai terminar um livro em 1 mês, mas acaba em 2 ou mais. Eu sou a pessoa que quer fazer mestrado, doutorado e ama novos conhecimentos. Sou a pessoa que gosta de experiências diferentes, mas raramente as faz, pois sempre espera por um futuro em que elas existirão (como se tudo caísse do céu kkkkkkk). Eu sou a pessoa de agora e sou a mudança que virá de mim, porque para conseguir o que quero, minhas ações diárias devem estar alinhadas com os meus desejos. Um dia que vira um mês, que vira um ano, que se transforma em uma vida. Porque coragem mesmo é ser persistente naquilo que somos e queremos ser!

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<![CDATA[Parados até que a vida nos separe]]>https://www.theboldme.com/post/parados-at%C3%A9-que-a-vida-nos-separe619e2e24ad61dd0016353ae0Wed, 24 Nov 2021 12:34:45 GMTStella Costa Já faz mais de um mês que eu não passo por aqui. Já faz mais de um mês que eu não escrevo e, bem mais que isso em que vivo numa constante espera pela própria vida. Já faz mais de um mês que eu não foco na família e nem em mim mesma. Meses e talvez anos em que planejo a vida dos sonhos sem vivê-la de fato.


Parece que a minha parada só aumentou com a pandemia. Eu estava mesmo esperando a desculpa ideal para dizer que eu não faço o que quero porque não dá agora, porque estamos em um período difícil. E, bom, realmente estamos e ele só aumenta a minha ansiedade. Mas esse marasmo já existia bem antes. Existia quando eu inseria os desejos das pessoas afrente do meu, existia quando eu tinha milhões de ideias e não colocava em prática nenhuma por não ter coragem, existia quando eu escolhi seguir o caminho da sociedade em vez daquele que mais me cabia.


Essa parada de vida enlouquece. Te faz pensar o que fazer agora e não achar algo que te complete, mesmo havendo um mundo de possibilidades. Te faz ficar perdida no que quer. Te faz planejar tomar iniciativa no dia seguinte, mas continuar deitada olhando o celular, ou até mesmo em pé, em um trabalho que não te agrega, esperando ansiosamente para voltar para casa, dormir, e acordar mais uma vez no outro dia, até o final de semana chegar. Essa parada de vida te faz viver no automático, com movimentos tão iguais aos do dia anterior que você nem sente mais. E nessa falta do sentir, a gente naturaliza o “não estou vivendo, apenas existindo”. Apenas existindo. É isso mesmo. A rotina inconsciente consome o sentimento de vida. Qual foi a última vez que você fez algo pela primeira vez? Algo que acendeu aquela chama dentro de si mesma?



Estou lendo um livro chamado “Como ser leve em um mundo pesado”, do Fernando Rocha. Em um momento do livro ele diz o quanto é confortável o lugar de vítima, de dar desculpas e de não tomar iniciativa, de não mudar aquilo que se pode e quer mudar, aquilo que depende de nós. Isso me fez pensar até no meu próprio relacionamento com todos ao meu redor. Na área romântica, eu e a pessoa que estou sempre mandamos vídeos no Instagram ou algo do Pinterest que queremos fazer, mas esses desejos se perdem na rotina de trabalho, estudo e estágio, colocando nosso relacionamento nessa parada que já nos encontramos individualmente. No âmbito familiar e social, eu sempre prometo a mim mesma, a minha mãe e amigos que irei ter momentos com eles, momentos que nunca são marcados ou que, quando sim, são descartados de última hora. Recentemente, inclusive, minha mãe disse estar sentindo saudades de mim, mas detalhe: eu moro com ela e, na grande maioria das vezes, estou em casa. Entretanto, os momentos que antes tínhamos agora foram consumidos pelo meu eu trancada no quarto apenas existindo. Até na saúde, nos hobbies, na profissão, tudo eu deixo para um dia que nunca chega, simplesmente porque, na minha cabeça, há muito cansaço em mim.


Sendo bem sincera, há muito cansaço em mim, mas na grande maioria das vezes posso notar que estou cansada da rotina, cansada de estar cansada, de não fazer nada que compactue com quem eu quero ser e o que eu quero fazer. Cansada de não escrever porque acabei de fazer um trabalho de faculdade e não quero fazer mais nada. Estou cansada desse nada que vem tão instintivo em mim que consome a coragem de achar um propósito, uma missão ou simplesmente de colocar um sonho em prática. Eu tenho medo desse nada, que é quase aconchegante, está dentro da minha zona de conforto. Mas se é com ele que a vida passa, no final não sobra nada, não tenho nada.


Se nos deixarmos parados, achando que o tempo parará junto, estaremos fadados a esse marasmo, a esse sentimento de espera pela vida correta. Os sonhos deveriam se tornar metas e conquistas. Mas enquanto deixamos de sentir cada dia, de se olhar, de passar amor à família, de rever amigos, de deixar o relacionamento amoroso mais íntimo e evoluído, deixamos também de viver, de conhecer novas experiências, de cuidar das nossas relações, e tudo isso se torna estranho, distante de nós mesmos e dos outros. Ficamos parados até que a vida nos separe.

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<![CDATA[Eu sou esquecível?]]>https://www.theboldme.com/post/eu-sou-esquec%C3%ADvel6163151d1ab5ec001676162dSun, 10 Oct 2021 16:40:49 GMTStella Costa Passei muito tempo da minha vida calada, muitas vezes por ansiedade ou por medo de falar algo que não fosse aceito. Embora grande parte dessa minha falta de comunicação viesse dessas coisas, o meu silêncio em si também vem da minha essência. A parte antissocial que era ruim e desgastante para a minha vida está desaparecendo aos poucos, mas ainda existe o eu. E eu não sou a pessoa comunicativa e extrovertida ao extremo que vai chegar a um lugar e se destacar, falando com todos. Eu sou a pessoa que vai conversar e até falar algumas frases inteligentes, mas que em algum momento vai adorar apenas escutar ou observar o mundo ao redor. E isso, em teoria, é algo simples e tranquilo. Ser mais quieta, calma, aparentemente só deveria ser uma característica diferente de alguém muito falante. Entretanto, se chegar ao fundo da questão, muitas vezes isso não apenas me diferencia, mas me apaga.


Essa situação é tão enraizada que, pasmem, até para eventos de família já se esqueceram de me convidar. E é tão fácil colocar a culpa em mim nesses momentos. É tão mais fácil pensar que por eu ser introvertida, eles acabam esquecendo. E não é culpa deles, sabe? Porque é difícil lembrar de alguém que não fala demais, né? Errado. Errado porque quando eu olho os meus amigos ou outra parte da minha família, eu sinto que eles jamais me esqueceriam. Errado porque quando eu sou lembrada, é pelas milhões de características que eu tenho que, simplesmente, me fazem ser eu. E eu, assim como você, não deveria ser esquecível por aquilo que constrói a nossa essência.


Sabe, é tão fácil a gente gostar da pessoa extrovertida. É tão fácil a gente ver a fala como a melhor das comunicações. O problema disso é que acabamos nos esquecendo que ela não é a única. Para conhecer uma pessoa, às vezes, nem precisa falar. Se você observar as atitudes, o olhar, os gestos, você se conecta com alguém sem ouvir nada vindo dela. E isso não significa que essa pessoa não tem voz. A voz é muito mais do que várias palavras faladas. Minha voz está aqui, na escrita que você está lendo sem ouvir nada, mas já consegue conhecer um pouco de mim. Minha voz, por assim dizer, é maior do que a minha fala.



Mas, frequentemente, eu desejo ser mais extrovertida. Me transformar naquilo que não sou. Por que já que hipervalorizam a fala, eu preciso que me escutem, preciso ser ouvida. Quem sabe assim não sou esquecida. Entretanto, isso é, na mais simples das conclusões, cruel comigo mesma. Me mudar, me moldar, não para evoluir, mas para me encaixar. É muito mais do que autossabotagem, é um desespero desmedido em busca de caber em um lugar quadrado quando se é um círculo.


Então, me diga você, eu e milhares de outras pessoas, por escolhermos o silêncio da fala e reproduzirmos nossa voz de outras maneiras, devemos mudar? O que nós somos? Somos esquecíveis por sermos esquecidas?

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<![CDATA[Você leva a vida ou é ela que te leva?]]>https://www.theboldme.com/post/voc%C3%AA-leva-a-vida-ou-%C3%A9-ela-que-te-leva60ec44c2b7d9d100150b4adbMon, 12 Jul 2021 19:58:04 GMTStella Costa Pense em uma pessoa sonhadora, do tipo que ama fazer listas do que quer, que é ambiciosa e que, por vezes, se perde em tantos desejos de vida. Essa pessoa é, provavelmente, bem parecida comigo. Quero viajar pelo mundo, morar fora do país e andar sem rumo, mas também quero uma casa própria na minha cidade, um carro e um emprego que eu goste. Se vocês leram meu primeiro artigo, sabem que eu me considero uma pessoa multipotencial, alguém que se interessa por várias coisas. Acho até natural isso se estender não só para o âmbito profissional, mas também para o pessoal. Assim, eu tenho sonhos diversos. Entretanto, como boa capricorniana que sou, sempre vejo o que desejo como metas e teço planejamentos até alcançá-las.



Bom, isso não é um problema. Na verdade é algo ótimo. O que eu quero eu vou conseguir. E acredito nisso fielmente. Costumavam me dizer, inclusive, que eu tinha que colocar os pés no chão, porque muitas coisas complexas eram vistas por mim de forma prática e rápida de serem resolvidas ou conseguidas. Afinal, a vida não é assim. Mas será mesmo? Será mesmo que a vida tem que ser uma caixinha fechada de estudo, emprego e casamento? Será mesmo que a gente tem que lutar tanto para conseguir o que queremos? Isso é a vida ou um programa de UFC?


Não me leve a mal, muitas coisas são difíceis de se conseguir, precisam de esforço e persistência. E se as quisermos, precisamos sim termos determinação. Mas isso não significa de nenhuma forma que devemos ser levados pela maré, esperando até o dia que ela deixe a gente na praia sãos e salvos, prontos para a vida que queremos. Vivermos em lugares que não gostamos, empregos que odiamos e com pessoas que não nos fazem bem apenas esperando o momento em que tudo vai melhorar é um desperdício. Uma coisa é fazermos algo difícil apenas como um meio para o que queremos, mas viver disso, como se fosse toda a sua vida é cruel.


Uma das músicas que eu mais gosto é Epitáfio de Titãs. Sempre que me sinto parada no tempo, eu a coloco para tocar. É uma música que constantemente me lembra que eu devo viver da forma que desejo, porque eu jamais quero envelhecer e ser igual ao personagem da canção, cheio de vontades e arrependimentos. Cheio de “devia ter feito isso” em vez de “ainda me lembro daquela vez”.


Muitas pessoas acham que nadar contra a maré é muito difícil. Se todos estão indo para aquele lado, é complicado ir para o outro. Eu entendo totalmente esse pensamento. Já o tive diversas vezes. Mas acho que viver uma vida que não se quer é bem pior. É quase insano pensar que esperamos para viver o que desejamos enquanto a nossa vida em si, simplesmente passa. Se queremos um emprego melhor, porque não começarmos a procurar ou nos aperfeiçoarmos para conseguir uma vaga melhor? Se queremos viajar, porque não começamos a planejar, a investir? Porque ficamos esperando o emprego ideal aparecer para que a gente consiga conhecer novos lugares? Porque não encontrarmos o emprego certo em vez de esperar que ele nos encontre? Se queremos acordar cedo para nos exercitar, porque não apenas colocamos um alarme, em vez de sempre prometermos a nós mesmos que vamos começar na semana seguinte ou quando não tivermos tanto sono?



Pensar dessa maneira, com você sendo protagonista da sua própria vida é uma ilusão ou uma determinação? É viver muito no mundo da lua acreditar que você pode fazer seus sonhos acontecerem? O que você acha? Não estou me atendo a questões sociais e culturais que muitas vezes não temos controle, mas a ações de planejamento e atitudes que podemos desempenhar. Se você quer comprar uma mansão um dia, você espera ganhar na loteria ou planeja seu dinheiro para conseguir daqui a uns anos? Você está vivendo da maneira que quer com o que tem ou está esperando uma vida nova com o que não tem?


Para mim, a vida é um amontoado de decisões. Algumas das quais não temos controle. Mas outras são escolhas que estão ali prontas para serem tomadas, resta darmos o primeiro passo! E então, você leva a vida ou é ela que te leva?

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<![CDATA[Relacionamentos Monogâmicos e o limite do certo e errado]]>https://www.theboldme.com/post/relacionamentos-monog%C3%A2micos-e-o-limite-do-certo-e-errado60e0408054ad5500152c4741Mon, 05 Jul 2021 11:00:07 GMTStella Costa Uma vez, tive um relacionamento com uma pessoa bem diferente de mim. Éramos distintas em diversas pautas e, na grande maioria das vezes, nos complementávamos assim. Entretanto, a pessoa que estava comigo também tinha diferenças quanto ao que era considerado natural, saudável e fiel em um relacionamento monogâmico. Aos poucos, eu sempre tentava entender e dizer a mim mesma e a ela que éramos apenas divergentes e que, aquele era o seu jeito. E isso era verdade, mas também era difícil. Lembro-me de uma vez que eu não aguentei e disse que era muito complicado ser sempre compreensiva com tantas coisas que ultrapassavam o limite do certo. O grande problema aqui é que os parâmetros para o que fez a atitude dela ser errada eram os meus, e o usado para as ações dela serem certas, eram os dela. Não havia parâmetros nossos.

Dessa forma, fico me perguntando o que seria certo ou errado em um relacionamento monogâmico. A traição, o desrespeito para com o outro é pautado em que? No beijo, no sexo, ou no mais simples desejo?



Já ouvi um podcast um tempo atrás que falava sobre a poligamia. As pessoas que relatavam, diziam que a maior diferença entre relacionamentos monogâmicos e poligâmicos era o diálogo sobre os limites que se podia ultrapassar e os que não. No começo do namoro, elas sempre detalhavam bem tais limites. Pensando agora, acredito que concordo. Já tive amigos com relacionamentos poligâmicos e sempre havia as ditas “regrinhas”. Não pode conversar ou não pode transar... Mas e nos relacionamentos monogâmicos? É quase unânime que traição é beijar ou fazer sexo com outra pessoa. Mas, em geral, nada foi falado. E as outras coisas? Desejo é traição? Conversas com interesses são erradas? E pegar carona com pessoas que o outro tem ciúmes, é desrespeito?


São diversas possibilidades que não são conversadas e que, quando acontecem e nos afetam, tentamos resolver rapidamente o problema que foi criado. Mas até que ponto podemos exigir de alguém algo que não foi conversado? Até que ponto essas situações afetam a individualidade do outro? Ou ainda até que ponto alguém pode aguentar relevando tantas situações que ultrapassam seu limite? O outro deveria saber que é errado?


As afirmações implícitas em um relacionamento monogâmico, de conversas que nunca existiram, coloca em risco toda a paz dos envolvidos, sobretudo daqueles que realmente falam tudo que aconteceu para o outro. Afinal, somos pessoas diferentes, algumas ainda mais que outras. Temos limites diferentes, opiniões diferentes, coisas que podemos aguentar ou não. Se esses diálogos nunca existirem, se nunca for construída a noção de certo e errado em conjunto, não haverá acordos no relacionamento para poupar as partes incluídas. Os empasses serão criados para serem resolvidos depois da mágoa, do ressentimento, do clima ruim.


Não estou dizendo que saberemos de tudo que nos afeta, muitas coisas descobriremos vivendo o relacionamento, cada momento. Mas existem situações que, se nos conhecêssemos bem, poderíamos evitar, estabelecer limites para o respeito mútuo, o certo e errado em conjunto. Um relacionamento pautado no diálogo, no respeito e no companheirismo. Afinal, existem tantas dificuldades no mundo, tanto a si adaptar ao outro, já que cada um tem o seu jeito, que não precisamos de mais um problema devido a conversas inexistentes. Para mim, a relação, no seu sentido mais simples, está na comunicação.



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<![CDATA[Eu e a síndrome de querer o lugar dos outros por não saber o meu]]>https://www.theboldme.com/post/eu-e-a-s%C3%ADndrome-de-querer-o-lugar-dos-outros-por-n%C3%A3o-saber-o-meu60d9c450b6417e0015123351Mon, 28 Jun 2021 13:39:20 GMTStella Costa


Desde pequena eu sempre me interessei por diversas coisas: biologia, leitura, escrita, esportes, matemática, astronomia... Era tantos interesses que é normal entender como hoje eu faço duas faculdades ao mesmo tempo e continuo procurando algo que eu não sei o que é. Podem me chamar, como li há um tempo atrás, de uma pessoa multipotencial. O grande problema dessa característica tão fantástica a meu ver é que eu sou constantemente engolida por uma infinidade de ideias e aspirações. São tantos cliques de criatividade e curiosidade que realmente levei em consideração criar uma empresa para vender ideias (se quiserem, só entrar em contato kkkkk). Mas quando se olha ao redor e nota amigos e familiares encontrando seus devidos lugares, é interessante pensar em qual seria o meu.





Uma vez uma colega de classe falou do seu projeto com enzimas na sala de aula e eu, que nunca tinha trabalhado com enzimas antes, quis na hora saber qual era o laboratório e qual a orientadora. Outra vez, uma amiga comentou do seu trabalho de professora e outra, do seu interesse por design e, como de costume procurei a fundo e trilhei na cabeça o meu futuro através dessas profissões. Mas esses, embora me atraíssem, eram sonhos de outros, lugares de outros e felicidades de outros. Nada desperta essa completude que alguns relatam com seus trabalhos, porque eu sempre quero o muito, o diverso, o multipotencial. Inclusive, se eu fosse uma matéria, seria, na maior das certezas, Interdisciplinar.


As pessoas, em geral, mesmo as mais “perdidas”, costumam passar uma imagem ideal, como se soubessem exatamente quem são e o que serão. Na verdade, a sociedade em si nos questiona desde o início “o que seremos quando crescer”, então é natural escolhermos uma resposta fácil para não passarmos por julgamentos. Somos acostumados a resolvermos na adolescência qual A profissão que iremos seguir. E quando eu coloco esse A maiúsculo, é para que notem que é única, é um caminho que, embora possamos sempre muda-lo, não somos realmente lembrados disso, ou mesmo ensinados sobre a possibilidade de trilhar outros, senão o que escolhemos de início. Indo mais a fundo, não somos ensinados que podemos até trilhar mais de um ao mesmo tempo. E nessa constante cobrança do que fazer é que sempre me pergunto: “se eu cresci e ainda não sei o que sou, eu falhei?”. Assim, continuo me vendo em vidas de outros, em sonhos de outros, querendo o lugar de outros, porque tudo me atrai, mas até agora, nada me desperta como o frequente desejo de diversas coisas.


Esses dias andei pensando sobre tudo isso e notei que, talvez, o meu lugar seja o temível “em cima do muro”. E não digo isso de forma política, mas profissional. Na verdade, se eu for franca comigo mesma, estou em cima de vários muros, não escolhendo uma única direção de vida porque, para mim, a beleza do viver talvez não seja uma única coisa, mas a mistura delas. Uma vez, um professor meu da faculdade falou sobre a história dele, um homem já formado, com Mestrado, e nos disse que não sabia para onde estava indo, não sabia porque ele aceitava as oportunidades, não tendo um único caminho, só estava indo. Me identifiquei muito com esse relato, afinal, estou fazendo duas faculdades, tenho iniciação científica em Laboratório de saúde, já fiz curso online de Jornalismo e estágio em um Zoológico, amo esportes e a natureza, mas se vocês me perguntarem o que eu farei quando me formar, não haverá uma única resposta, mas um conjunto delas. Estou apenas indo. Simples assim. Estarei sempre buscando o novo e transformando meu ambiente de trabalho, seja lá qual for. Isso não significa que eu não tenho foco no que faço. Se me conhecessem, veriam que sou uma das pessoas mais focadas e determinadas profissionalmente, mas, por isso mesmo, não posso escolher uma única direção, mas sempre ser essa inovação em diversas possibilidades.

Está tudo bem não saber qual O meu lugar, já que tenho vários. E ás vezes isso pode assustar, mas se olhar pelo lado correto, serei sempre aquela pessoa que possui muitos conhecimentos, ideias, sonhos... Terei sempre um novo lugar a percorrer e a me desafiar. De forma mais resumida, terei e serei sempre o lugar mais feliz: o diverso. E, mesmo que pareça confuso, é único. É único não ter um único caminho!




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